A iniciativa

Há muito, D. João V, sabedor da mais valia do empenho cultural, apercebeu-se da importância de legar a Portugal os então maiores carrilhões do mundo, os Carrilhões de Mafra, e a única sala do mundo cujo projecto previa a colocação de seis grandes órgãos, os quais viriam a ser encomendados durante a regência de D. João VI.  Para que os carrilhões fossem tocados por um especialista, D. João V fez deslocar para Portugal um dos melhores carrilhanistas da época: Grégoire Le Roi.  Quase trezentos anos depois, Portugal orgulha-se de possuir duas das mais conceituadas carrilhanistas do mundo, a Ana e a Sara Elias, e das poucas com habilitações para ensinar a arte de tocar carrilhão.

A Ana, a Sara e o Alberto Elias (fundadores da CICO) foram distinguidos com o Prémio Milénio 2004, promovido pela Cerveja Sagres e pelo Jornal Expresso, cujo propósito apelava à possibilidade de “…dar expressão a potenciais novos valores portugueses na concretização de projectos inovadores e relevantes para a sociedade portuguesa”.  O nosso projecto, que foi vencedor, previa a aquisição de um carrilhão itinerante.  O valor do prémio foi uma pequena parcela do empreendimento que nos propúnhamos realizar.  Que fazer então?

Acreditámos nas nossas capacidades e aptidões, com provas dadas, entre outras as prestadas aquando da instalação em Portugal de um dos maiores carrilhões do mundo, o Carrilhão dos Pastorinhos, em Alverca, do qual nos orgulhamos por termos sido seus coordenadores-consultores.  Estávamos bem conscientes das dificuldades financeiras que nos esperavam, mesmo assim, não hesitámos e prosseguimos.  Metemos mãos à obra e fundámos a Associação CICO - Centro Internacional do Carrilhão e do Órgão.  Assumimos o dever de levar por diante o primeiro objectivo desta associação: a aquisição de um carrilhão itinerante que fizesse chegar a música dos sinos a todos os cantos de Portugal e, porque não, ao resto do mundo.

Numa perspectiva pedagógica de proporcionar às várias comunidades momentos de verdadeiro júbilo pela contemplação de uma das mais belas formas de fazer música, fomos estimulados a empreender todos os esforços que nos permitissem legar ao nosso país e, particularmente aos nossos jovens, todas as possibilidades de formação, ao mais alto nível, na arte de tocar carrilhão e órgão.  Na sequência dos nossos esforços, foi então atribuído, pela TAGUS - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, um financiamento no âmbito do eixo 3 - abordagem LEADER do ProDeR - Programa de Desenvolvimento Rural.  Apoiado por este financiamento, e com a ajuda de outras entidades e individualidades, o projecto do Carrilhão LVSITANVS tornou-se por fim realidade, ultimado com a sua inauguração em Constância a 16 de Maio de 2015.

Muitas foram as dificuldades para as quais tivemos de encontrar soluções.  Entre elas referimos os avultados custos deste audacioso projecto, assim como as necessidades logísticas a ele inerentes.  Superar tamanhas dificuldades exigiu a compreensão e a confiança de muitas entidades e individualidades que acreditaram na nossa capacidade, competência e seriedade.  A todos o nosso Bem Hajam!